Especialista e médica do trabalho Margarida Barreto e o doutor em psicologia social Roberto Heloani participaram do lançamento da Campanha Nacional 'Menos Metas, Mais Saúde' em seminário sobre assédio moral, realizado em São Paulo, no dia 18 de agosto, na sede da Contraf-CUT. A diretora do Sindicato dos Bancários de Taubaté Alessandra Cruz esteve presente no evento, e expõe suas considerações sobre as discussões e os assuntos abordados pelos palestrantes:
Os palestrantes Roberto Heloani, doutor em Psicologia Social, professor e pesquisador da Unicamp e da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), e Margarida Barreto, especialista, pesquisadora e médica do trabalho, debateram as novas formas de gestão e a cobrança por produtividade que tanto têm afetado a saúde mental e a dignidade dos bancários.
Para Heloani, as metas fazem parte de uma lógica não somente da organização do trabalho, mas também da luta de classes. "São questões centrais obscurecidas pela tecnologia e que trazem a impossibilidade do trabalhador se indignar por si e pelos outros", relata.
Banalização do assédio, por exemplo, parece inocente, mas tem um propósito. A quem interessa banalizar o tema? Os trabalhadores são obrigados a se prostituir para cumprir metas ou ninguém se sente mal ao vender um produto que sabe que o cliente realmente não precisa? Convencer um amigo de que a aplicação em um plano de previdência é melhor que a poupança quando ele tem mais de 70 anos?
Paira certo cinismo para que se consiga enfrentar os ambientes de trabalho, não somente nos bancos, mas de uma maneira geral, no mundo do trabalho.
Algumas vezes, vemos colegas sofrendo, sendo humilhados. Isso não é assédio moral, tudo bem, mas não deixa de ser violência, até mesmo um crime, talvez injúria, calúnia, difamação... A humilhação no ambiente de trabalho, como em outros ambientes, não pode ser tolerada. Não podemos participar desse jogo, não podemos nos omitir.
"As políticas de metas são pensadas e analisadas pelos superiores de forma autoritária, unilateral e inatingível. Trata-se de um modelo de gestão baseado na 'excelência' que tem uma única mensagem: 'vender, vender, vender'. O trabalhador tem a obrigação de ser forte, produzir melhor que o concorrente, atender todas as demandas e canalizar as energias individualmente", ressalta Margarida Barreto.
"Como diz o médico francês Christophe Dejours: 'quem conhece o limite é o trabalhador'. É o bancário quem sabe os limites físicos e psíquicos no qual atua e sofre. Da forma como acontece, não só se escraviza, como também são comprometidas a saúde e a relação do trabalhador com a família, amigos, etc.", conclui Heloani.
A densificação a flexibilização dos postos de trabalho acompanhada pela polivalência são elementos essenciais para podermos entender o adoecimento da categoria. Resgatar a consciência daqueles que trabalham é essencial para as questões envolvem lutas de classe, dentre elas as condições de trabalho e Saúde do trabalhador.
Alessandra Cruz - Diretora do Sindicato dos Bancários e Financiários de Taubaté e Região
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