Sob a orientação do Sindicato dos Bancários e Financiários de Taubaté e Região, os bancários da região deliberaram em assembléia geral a deflagração da greve da categoria, a partir do dia 29/09, paralisando as atividades em várias agências da cidade, dos mais variados bancos, deixando claro que os bancários vão à luta para garantir o atendimento das suas reivindicações.
No entanto, apesar de todos os esforços dos bancários e dos dirigentes sindicais, no sentido de superarem as divergências e as dificuldades impostas pela greve, os funcionários do Banco do Brasil, em Taubaté, especificadamente, da agência Centro, decidiram não paralisar as atividades da agência, descumprindo a decisão aprovada pela categoria bancária.
(1) Mas o que está acontecendo ...? Por que tal atitude se os bancários do BB de Taubaté possuem um histórico dos mais admiráveis e participativos. Seu histórico de lutas e conquistas tem inicio na fundação do Sindicato dos Bancários de Taubaté em 1959. Os bancários do Banco do Brasil participaram de greves históricas, como a ocorrida em 2003, que atingiu 90% do quadro de funcionários do banco, com adesão de comissionados e não-comissionados. E a de 2004 que durou mais de 30 dias, com a demonstração clara da capacidade de mobilização dos bancários do banco, que nunca deixaram de batalhar pelas suas reivindicações.
(2) Mas o que está acontecendo ...? Se os bancários do BB de Taubaté não estão sendo pressionados à aderirem a greve. Ou estão sendo? Se isso está acontecendo, a situação passa a ser grave. O Sindicato deve nesse caso denunciar tal atitude ao Ministério Público do Trabalho para a abertura de inquérito no sentido de apurar eventual conduta ilícita contra a legislação trabalhista.
Já o assédio moral é prática rotineira nas agências do banco. Alguns gestores publicam listas diárias de funcionários que venderam poucos produtos.
(3) Mas o que está acontecendo ...? Se não há qualquer dúvida de que os bancários do BB de Taubaté estão indignados com as propostas oferecidas pela Fenaban. E essa indignação é generalizada, havendo concordância dos funcionários recém-incorporados pelo BB, como os ex-funcionários do Banco Nossa Caixa, que mantendo o seu histórico de participação em greves, fecharam rapidamente as agências do BB, na Rua Bispo Rodovalho, Vila das Graças, Independência, Tremembé e Fórum Cível.
Essa atitude dos bancários do BB de Taubaté é muito ruim sob o ponto e vista de organização da categoria bancária, que tem os funcionários do banco como referência.
(4) Mas o que está acontecendo ...? Se os bancários do BB de Taubaté não agüentam mais tanta meta. Vende-se de tudo, desde Ourocap, Brasilprev, seguros, empréstimos, etc, etc. etc.
Mas melhorar o piso salarial a direção do banco diz não. Antigamente o cidadão tinha como objetivo fazer carreira no Banco do Brasil. O concurso apesar de ser ainda bastante disputado pelos mais jovens, trás uma frustração pois o salário admissional é muito baixo. A situação atual está muito aquém do desejável. O banco deixou de ser banco público para ser mais um privado.
(5) Mas o que está acontecendo ...? Se há muitos colegas adoecidos. O número de bancários afastados de suas funções para tratamento de saúde junto ao INSS vem aumentando assustadoramente. Muitos bancários estão enfartando. Muitos acabam tomando remédios controlados, os famosos tarja preta.
(6) Mas o que está acontecendo ...? Se o percentual de terceirização no banco está aumentando. O Banco tem projetos de terceirizar quase tudo, deixando apenas as agências como ponto de venda de produtos. Será o fim do quadro de funcionários concursados? Tempos que interromper esse processo já.
(7) Mas o que está acontecendo com os bancários do BB de Taubaté? Na verdade, em que pese reconhecer que a pressão e o assédio moral existem e que o quadro atual de funcionários é muito novo, resultado dos últimos concursos realizados, ao que nos parece os bancários estão bastante divididos, pois entendem que há um acordo a ser fechado e que a paralisação das atividades da agência, somente irá aumentar o desgaste e a insatisfação de todos, funcionários e clientes.
No entanto, tal posicionamento deve ser revisto sob pena de ocorrer um distanciamento entre os funcionários dos bancos públicos e privados. Nós sabemos que a Campanha nacional Unificada trouxe no passado grandes avanços, principalmente nos momentos em que os bancários da Caixa e do BB eram considerados não-bancários.
Agora, precisamos mais uma vez da conduta corajosa dos bancários do BB de Taubaté para darmos um basta nesta atitude indecorosa da Fenaban que vem oferecer 4,29% de reajuste salário, quando os 6 maiores bancos do país lucraram mais de 21 bilhões de reais.
Temos que transformar a indignação em coragem e dizer para a direção do Banco do Brasil em alto e bom som que a greve é legitima e que eles tem que respeitar os funcionários do banco e que são o verdadeiro patrimônio dessa instituição.
Valdir de Aguiar Santos, diretor do Sindicato, funcionário do Santander.
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