29 setembro 2009

Greve se consolida, fecha 7.063 agências e exige proposta dos bancos

A pressão da greve nacional dos bancários, que completa 14 dias nesta quarta-feira (7) arrancou uma nova negociação entre o Comando Nacional dos bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) para hoje, às 18h, em São Paulo.

A greve nacional dos bancários voltou a se fortalecer nessa terça-feira, 6, 13º dia de paralisação, fechando 7.063 agências em todas os 26 estados e no Distrito Federal. O número é do levantamento realizado pela Contraf-CUT, com dados encaminhados até as 20h pelos 134 sindicatos ligados ao Comando Nacional dos bancários.

Os Bancários de Taubaté e Região realizaram Assembléia Geral nesta segunda-feira (5) às 8h e decidiram seguir a orientação do Comando Nacional de ampliar a Greve, uma vez que a Fenaban se nega a melhorar a proposta.

"A greve continua forte, os bancários e bancárias de todo o país não toleram mais tamanha falta de respeito dos banqueiros e enquanto não houver uma proposta digna e justa, a categoria continuará mobilizada, avisa Luizão, Presidente do Sindicato.


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Negociação de sexta (02/10): Depois de dois dias de negociações com o Comando Nacional dos Bancários, realizadas em São Paulo nesta quinta e sexta-feira, os bancos mais uma vez frustraram as expectativas dos trabalhadores e não apresentaram proposta. Eles insistem em reduzir a PLR, não querem conceder aumento real e se recusam a dar garantias de emprego, e se negam a valorizar os pisos salariais e a melhorar as condições de saúde, segurança e trabalho. Em razão da intransigência dos banqueiros, o Comando Nacional orienta os sindicatos a fortalecerem ainda mais o movimento a partir de segunda-feira, 5, 12º dia de greve.

Crédito: Gerardo Lazzari/Seeb SP
"Reiteramos aos bancos que a categoria bancária não aceitará a redução da PLR, como as empresas estão propondo, e insistimos na reivindicação de três salários mais R$ 3.850. Também não aceitaremos nenhuma proposta que não contemple aumento real de salário, valorização dos pisos salariais, proteção aos postos de trabalho e mais contratações, além da implementação de políticas que melhorem as condições de trabalho, de saúde e de segurança e apontem para o fim do assédio moral", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional.

"Os bancos estão abusando e desrespeitando os bancários e a sociedade e mais uma vez mostram sua ganância e sua falta de responsabilidade social. Apesar de não terem sido afetados pela crise, apesar de continuarem apresentando a maior lucratividade de toda a economia brasileira, os banqueiros negam as reivindicações justas de seus trabalhadores, que já demonstraram sua indignação com a postura intransigente das empresas. À categoria não resta outra alternativa a não ser continuar e ampliar a greve em todo o país", acrescenta Carlos Cordeiro.

A comissão de negociação da Fenaban informou que os presidentes dos bancos vão se reunir, provavelmente na segunda-feira, para avaliar a possibilidade de formular uma nova proposta. Após a reunião, haverá contato com o Comando Nacional para marcar uma nova rodada de negociação.

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Banco do Brasil

Na retomada das negociações das questões específicas do Banco do Brasil realizadas nesta quarta-feira 30, o BB avançou em algumas reivindicações do funcionalismo: anunciou a contratação de três mil novos funcionários até 2010 e a criação de comitês de ética nos 26 Estados e no Distrito Federal com representação eleita pelos bancários, visando combater o assédio moral e "outros desvios comportamentais".

O BB também propôs, na reunião realizada em São Paulo, manter o modelo de PLR em vigor e condicionou a discussão de outras reivindicações ao resultado da rodada de negociação que será realizada com a Fenaban nesta quinta-feira. Nova rodada de conversação com o BB será mantida pelo Comando Nacional dos Bancários após a reunião com a Fenaban.


Caixa

Nesta quinta-feira, dia 1º de outubro, o Comando Nacional dos Bancários e a Comissão Executiva dos Empregados da Caixa Econômica Federal (CEE Caixa) retomaram o processo de negociações específicas com o banco. A reunião aconteceu às 15h, em São Paulo, e teve como foco principal questões relativas a saúde e condições de trabalho.

Os trabalhadores conquistaram alguns avanços, como a criação de comitês para a discussão e resolução de casos de assédio moral. A Caixa, no entanto, não trouxe proposta relativa aos demais temas da pauta e afirmou que precisa aguardar o desfecho das discussões da mesa geral de negociação entre o Comando Nacional e a Fenaban para dar prosseguimento ao debate específico.

Informações: Contraf-CUT

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25 setembro 2009

Mobilização dos bancários será ampliada nesta sexta-feira

O primeiro dia de greve dos bancários, nesta quinta-feira (24), foi marcado pela participação espontânea dos trabalhadores de bancos públicos e privados, que não aceitaram a proposta rebaixada da Fenaban.

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Em Taubaté, permaneceram fechados todos os bancos, com exceção do Bradesco que abriu após as 12h. “A reação da base é espontânea. Nossa expectativa é de ampliar o movimento nesta sexta-feira”, avisa o presidente, Luizão.

“Recebemos diversos telefonemas de bancários de outras cidades solicitando a participação dos piquetes de greve, mas no primeiro dia a maior adesão foi mesmo em Taubaté, informa Luizão.

Nesta quinta, às 8h, o Sindicato realizou café da manhã para a categoria na sede do sindicato, para avaliar o quadro nacional e organizar o 2º dia de greve. O mesmo deve acontecer nos próximos dias de mobilização.

Por que os bancários vão à greve?

Saiba tudo sobre a paralisação e as reivindicações da categoria


23 setembro 2009

Bancários aprovam greve geral por tempo indeterminado em todo páis

Os sindicatos dos bancários realizaram assembléia em todo o país, na noite desta quarta-feira (23), e aprovaram greve nacional por tempo indeterminado em todos os bancos a partir desta quarta (24).


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O Sindicato de Taubaté e Região contou com a presença de mais de 100 bancários (as) na Assembléia local, que teve início as 19h na sede da entidade em Taubaté. A decisão pela greve acontece depois de cinco rodadas de negociações sem nenhuma proposta que contemple as reivindicações da categoria.

Mesmo os bancos obtendo os maiores lucros de toda a economia brasileira no primeiro semestre, a última proposta, que foi rejeitada pelo Comando Nacional no dia 17, foi considerada um insulto aos trabalhadores, pois não contém aumento real de salário, diminui em vez de aumentar o valor da PLR e ignora as reivindicações sobre valorização dos pisos salariais, garantia de emprego e melhoria das condições de saúde e segurança.

O Comando Nacional é composto pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), nove federações e 134 sindicatos de bancários, que representam 400 mil dos 470 mil bancários do país.

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Por que os bancários vão à greve?


Reajuste de 10% do salário. Os bancos ofereceram 4,5%, apenas a reposição da inflação.

Bancos querem reduzir PLR para aumentar lucros. A proposta da Fenaban reduz a distribuição de até 15% (como foi no ano passado) para 5,5% do lucro líquido a parcela da PLR.

Valorização dos pisos salariais. A categoria reivindica pisos para portaria, escriturário, caixa, primeiro comissionado e primeiro gerente. Os bancos rejeitam a valorização dos pisos e propõem 4,5% de reajuste para todas as faixas salariais.


Preservação dos empregos e mais contratações. Seis dos maiores bancos do país estão passando por processos de fusão. Os bancários querem garantias de que não perderão postos de trabalho e exigem mais contratações para dar conta da crescente demanda de serviços e para reduzir as filas.

Mais saúde e melhores condições de trabalho. A enorme pressão por metas e o assédio moral são os piores problemas que a categoria enfrenta hoje, provocando sérios impactos na saúde física e psíquica. A Fenaban não fez proposta para combater essa situação e melhorar as condições de saúde e trabalho.

Os bancos também apresentaram proposta que diminui o auxílio-creche/babá de 83 para 71 meses, não valoriza o auxílio-refeição e a cesta-alimentação e ignoraram as reivindicações sobre segurança e previdência complementar para todos.

INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A GREVE E SOBRE O SINDICATO

SINDICATO DOS BANCÁRIOS E FINANCIÁRIOS DE TAUBATÉ E REGIÃO
Filiado à CUT, CONTRAF e FETEC

Sede:
Rua Dr. Silva Barros, 248 - Centro - Taubaté - Cep: 12010-020
Tel: 3633-5329 e 3621-9751

Cidade pertencentes à base do Sindicato: Taubaté, Pindamonhangaba, Tremembé, Caçapava, Ubatuba, São Luiz do Paraitinga, Natividade da Serra, Redenção da Serra, São Bento do Sapucaí, Santo Antonio do Pinhal, Moreira César, Roseira, Lagoinha

Bancos da Região: ABN, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú, Mercantil, Nossa Caixa, Santander, Sudameris e Unibanco

Número de Bancários: mais de 1.200 bancários na base, com cerca 53% de associados.

Bancários em algumas cidades (aproximadamente):
Ubatuba:120;
Pinda:200;
Caçapava:120;
Taubaté:600.

Outros Sindicatos dos Bancários na Região:
São José dos Campos
Contato: www.sjcbancarios.com.br
Guaratinguetá
Contato: Tel: (12) 3122-2260 | 3122-2700

Contatos úteis
Fetec/SP - Federação dos Bancários da CUT (11) 3361-4419
Contraf-CUT - Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (11) 3107-2767
Febraban - Federação Brasileira de Bancos: (11) 3244-9800

Contatos do Sindicato para entrevista:

- Luizão, Presidente do Sindicato: 9106-5243
- Alemão, Diretor do Sindicato: 9102-8754
- Valdir Aguiar, Diretor do Sindicato: 8133-9091

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18 setembro 2009

Bancários rejeitam proposta dos bancos e sinalizam greve a partir do dia 24

Os Bancários rejeitaram já na mesa de negociação a proposta rebaixada e insuficiente apresentada pela Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) nesta quinta-feira 17, uma vez que ela não contempla as principais reivindicações da categoria.

Reunido após a negociação, os Bancários solicitaram que os bancos apresentem nova proposta até a próxima quarta-feira, 23, para ser avaliada nas assembléias de todo o país. Caso os bancos mantenham esta proposta rebaixada, o a orientação é de deflagração de greve nacional por tempo indeterminado, em todos os bancos, a partir da quinta-feira dia 24.

Orientação do Sindicato: pelo sexto ano seguido os banqueiros parecem estar forçando os trabalhadores a fazerem greve, uma vez que a proposta do dia 17 é absurdamente baixa, o que deixa a categoria sem alternativas a não ser a greve.

Pelo andamento das negociações e pelo nível de desrespeito dos banqueiros com os trabalhadores, a possibilidade de GREVE é muita alta, e tudo indica que será uma paralisação longa. O Sindicato orienta aos clientes que procurem os bancos antes do dia 24/09 para retirada de talões de cheque e cartões, uma vez que a greve dos bancários deve coincidir com o período de pagamentos.

Assembléia: O Sindicato realiza na próxima quarta-feira 23 uma Assembléia Geral com os trabalhadores para deliberar sobre a greve. Não podemos aceitar esse desrespeito de braços cruzados. "Vamos juntos participar da Assembléia no dia 23 e se não houver melhora na proposta, a única alternativa dos bancários é a greve", convoca Luizão, Presidente do Sindicato.

Assembléia Geral Extraordinária
DIA: 23/09/2009 - quarta-feira A partir das 19h
Local: Sede do Sindicato dos Bancários
Rua: Dr. Silva Barros, 248 – Centro – Tel: 3633-5329

Proposta absurda da Fenaban é um insulto à categoria

Reajuste: 4,5%.

PLR

a) Parcela em número de salários: 1,5 salário reajustado limitado ao valor individual de R$ 10.000 e limitado a 4% do lucro líquido de 2009, o que ocorrer primeiro.

b) Parcela linear: 1,5% do lucro líquido, distribuído linearmente, limitado ao valor individual de R$ 1.500,00.

Condições: Os bancos que tiverem prejuízo em 2009 não pagarão PLR. O valor poderá ser compensado dos planos próprios de participação em lucros ou resultados.

Salário de ingresso

Portaria: R$ 673,71.
Escritório: R$ 966,20.
Caixa: R$ 1.252,03.

Salário após 90 dias
Portaria: R$ 738,00.
Escritório: R$ 1.059,25.
Caixa: R$ 1.480,24.

Anuênio: R$ 16,35.
Gratificação de compensador de cheques: R$ 93,13.
Auxílio refeição: R$ 16,63.
Auxílio cesta-alimentação: R$ 285,21.
13ª cesta-alimentação: R$ 285,21.
Auxílio-creche/babá: R$ 285,00 (até 71 meses).
Auxílio-funeral: R$ 549,89.
Ajuda de deslocamento noturno: R$ 57,39.
Indenização por morte ou incapacidade decorrente de assalto: R$ 81.998,61.
Requalificação profissional: R$ 819,52.

Veja as principais reivindicações dos bancários:

- Reajuste salarial de 10% (reposição da inflação mais aumento real).

- Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de três salários mais R$ 3.850.

- Valorização dos pisos:
Portaria: R$ 1.432.
Escriturário: R$ 2.047 (salário mínimo do Dieese).
Caixa: R$ 2.763,45.
Primeiro comissionado: R$ 3.477,00.
Primeiro gerente: R$4. 605,73.

- Auxílio-refeição: R$ 19,25.

- Cesta-alimentação: R$ 465,00 (um salário mínimo).

- 13ª cesta-alimentação: R$ 465,00.

- Auxílio-creche/babá: R$ 465,00.

- Fim das metas abusivas e do assédio moral.

- Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS) em todos os bancos, negociado com as entidades sindicais.

- Contratação da remuneração total, inclusive a parte variável, com a incorporação dos valores aos salários e reflexo em todos os direitos (13º, férias e aposentadoria) - com o objetivo de acabar com as metas abusivas.

- Garantia de emprego, fim das terceirizações, mais contratações e aplicação da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que inibe demissões imotivadas.

- Segurança contra assaltos e sequestros, com a retomada imediata da Comissão de Segurança Bancária, proibição ao transporte de valores pelos bancários e adicional de risco de vida.

- Auxílio-educação para todos.

- Ampliação da licença-maternidade para seis meses.

- Planos de previdência complementar para todos os bancários.

Fonte: Contraf-CUT

10 setembro 2009

Seminário Interdito Proibitório X Direito de Greve

PARA ESPECIALISTAS, INTERDITO PROIBITÓRIO FERE DIREITO CONSTITUCIONAL DE GREVE

A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), o Sindicato dos Bancários de São Paulo e a Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito de São Paulo (Fetec-SP), realizaram, no dia 24 de agosto, o Seminário "Interdito Proibitório x Direito de Greve", que reuniu dirigentes sindicais de várias categorias de trabalhadores, o presidente da OAB nacional e representantes do Tribunal Superior do Trabalho, Ministério Público do Trabalho e Anamatra, além de parlamentares - que foram unânimes em condenar o uso do interdito proibitório contra as mobilizações dos trabalhadores, considerado uma afronta ao direito constitucional de greve.

DEBATER A QUESTÃO COM OS MINISTROS DO TST

O ministro do Tribunal Superior do Trabalho, Vantuil Abdala, elogiou os bancários, que afirmou serem "a categoria mais desenvolvida do país", e exemplo para os demais trabalhadores. Discutindo a questão do interdito, o magistrado afirmou que o brasileiro não tem "espírito associativo", o que diminui a participação dos trabalhadores.

"Por que é necessário convencer os trabalhadores a aderirem à greve? Eles não deveriam seguir a decisão da maioria na assembléia? É ininteligível que se debata uma greve numa assembléia e alguns membros da categoria vão trabalhar, alegando a ilegalidade do movimento", afirma.

O jurista explicou que, após a decisão da assembléia pela greve, o direito individual de ir trabalhar não se sobrepõe ao direito da luta coletiva. Abdala citou o jurista Márcio Túlio Viana, que afirmou: "Ao exercer o seu suposto direito, o fura-greve dificulta ou inviabiliza o direito real da maioria. O que faz não é apenas trabalhar, mas - com o perdão do trocadilho infame - atrapalhar o movimento. Ele realmente fura a greve, como se abrisse um buraco num cano de água. (...) Ele luta contra os que lutam por um novo e maior direito; esvazia o sindicato, dificulta a convenção coletiva e fere o ideal de pluralismo jurídico e político."

O jurista destacou a situação dos Estados Unidos, onde apenas cerca de 17% dos trabalhadores são sindicalizados, mas mesmo assim as entidades possuem grande força na negociação com as empresas. "A lei americana prevê sanções fortíssimas contra práticas anti-sindicais, o que faz com que os empregadores tenham muito cuidado", afirma.

"No Brasil, as mobilizações e o convencimento são quase atos de legítima defesa contra a pressão que os empregadores fazem contra os trabalhadores. E nunca se viu uma punição para um empregador por prática anti-sindical", afirma.

Abdala propôs a realização de um seminário junto aos ministros do TST, reunindo representantes das centrais sindicais e outros setores interessados, para discutir a questão do interdito proibitório. "O TST não tem vivência nem experiência no interdito porque o tema não era de competência da Justiça do Trabalho. Sugiro que façamos um congresso no TST com parlamentares, sindicatos, OIT para nós aprendermos", afirmou.

PRESSÃO SOBRE O STF

O presidente da OAB Nacional, Cezar Brito, disse que o abuso do interdito proibitório por parte dos bancos e da justiça deve-se à visão patrimonialista que ainda impera nas classes dominantes brasileiras, e por extensão no Judiciário. "A OAB está muito preocupada com as tentativas de criminalização dos movimentos sociais no Brasil e com a visão policialesca e conservadora que ganha cada vez mais força, inclusive no Primeiro Mundo", disse Brito.

Ele sugeriu que o movimento sindical e os movimentos sociais, além de fazerem a denúncia à OIT, devem juntar todos os processos envolvendo interdito proibitório no país e ocupar Brasília no dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) for discutir o tema, para mostrar que esse mecanismo jurídico está sendo empregado de forma equivocada para tolher o exercício constitucional do direito de greve.

"Poucos advogados e juízes hoje no Brasil são especialistas em direito coletivo. O movimento sindical precisa se mobilizar e ocupar esse vácuo, senão ele será ocupado pelos conservadores", aconselhou o presidente da OAB.

LUTAR CONTRA AS PRÁTICAS ANTI-SINDICAIS

Os debatedores Omar Afif, da Procuradoria Geral do Trabalho, e Flavio Landi, da Associação Nacional dos Magistrados (Anamatra XV) também criticaram o uso do interdito contra o direito de manifestação dos trabalhadores e defenderam mudanças nas relações entre capital e trabalho, incluindo a instituição de penas contra as ações anti-sindicais praticadas por empregadores.

Omar Afif destacou a diferença entre o direito de propriedade e o direito de posse, que torna impossível o uso do interdito. Ele explicou que a propriedade é exclusiva e ilimitada, enquanto a posse, que é tutelada pelo interdito, refere-se a usar, usufruir, dispor ou reaver. "O grevista não detém nenhum desses poderes", afirmou.

Ele salientou que o interdito só pode ser usado se houver ameaça à posse. "No caso do direito de greve não há receio de perda da posse. É o principal mecanismo do trabalhador de enfrentamento da força empresarial. Exercício justo e legítimo. Não há intenção de ocupação perpétua do estabelecimento. A maioria dos atos ocorre em local público, razão pela qual não cabe interdito", completou o procurador do Trabalho. "Interdito é prática anti-sindical porque atenta contra a prática fundamental dos sindicatos."

Flavio Landi, da Anamatra, enumerou os direitos que o interdito atropela: impede reunião em área pública, impede o direito à expressão do pensamento quando proíbe o uso de carro de som para convencimento dos trabalhadores sobre a importância do movimento, faz uso indevido da força policial.

Landi destacou que o uso do dispositivo vai contra a organização sindical, que é uma das quatro bandeiras da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Assim, fica o Brasil sujeito a denúncia e tem que responder aos questionamentos internacionais pelo desrespeito à livre organização sindical dos trabalhadores. "Mesmo o piquete eu sempre vi como manifestação. Enquanto for pacífico está protegido pela Constituição, que estabelece que a ordem econômica está adstrita à valorização do trabalho", afirmou.

GREVE É INSTRUMENTO DE REAÇÃO FRENTE AO PATRÃO

O deputado federal João Paulo Cunha atacou o interdito proibitório e defendeu a importância das ações dos sindicatos para informar e mobilizar os trabalhadores. "Numa base grande, como a do Sindicato dos Bancários de São Paulo, por exemplo, o fato de um bancário não comparecer à assembléia não quer dizer que ele não queira aderir à greve. O sindicato tem a obrigação de informar esse trabalhador, convencê-lo a participar do movimento", afirma.

"A greve é algo concreto. Não existe greve no papel, no planejamento, existe a greve de fato. Se alguém não quer que exista mobilização nos locais de trabalho, não quer que tenha greve, e isso é um direito fundamental", acrescenta.

Para João Paulo, mais grave do que os bancários fecharem uma agência é o patrão impedir o processo de negociação, que passa pelo direito de greve. "O patrão tem o direito de punir, demitir o trabalhador e seu único instrumento de reação é a greve. Mas quando você marca a greve para a semana que vem, seguindo as etapas previstas na lei, a empresa consegue uma liminar impedindo a mobilização", afirma o deputado.

"Queremos fazer uma audiência na Câmara e no Senado para avaliar se é possível tomar alguma medida sobre o interdito proibitório de forma que não atrapalhe o direito de greve", sustenta

DEMOCRATIZAR AS RELAÇÕES TRABALHISTAS

A secretária de Relações do Trabalho da Central Única dos Trabalhadores (CUT) Denise Mota Dau lembrou que a luta da central por uma nova estrutura sindical no Brasil passa também pela democratização das relações de trabalho. "Estamos num momento de luta por ampliação de direitos, como a redução da jornada de trabalho, e a ratificação das convenções 151 e 158 da OIT. Mas estas conquistas não serão possíveis sem liberdade de organização sindical e direito de greve", afirma.

Ela lembrou a Proposta de Emenda Constitucional 368 de 2005, apresentada pelo então ministro do Trabalho e Emprego Ricardo Berzoini, que incluía avanços nas relações de trabalho e no direito de organização. "Não era um projeto ideal, porque tivemos que abrir mão de vários pontos na negociação, mas era um grande avanço, e não foi aprovada. Hoje, temos a Lei 7783, de 1989, que é muito pior e nem ela é cumprida corretamente, sendo derrubada com base em um instrumento legal que visa a proteção do patrimônio", afirma.

"O uso do interdito está associado à cultura autoritária que há no Brasil de tutela das organizações dos trabalhadores. Parte-se do princípio de que seremos sempre violentos. É uma visão atrasada, patrimonialista, que vem desde Getúlio Vargas", afirma Denise. "A CUT sempre teve como missão a criação de uma estrutura sindical, com negociação permanente, organização nos locais de trabalho, punição ao empregador que não negociar e às práticas anti-sindicais", afirma.

FORMALIZAR DENÚNCIA SOBRE O ABUSO DOS INTERDITOS

O presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, informou que a entidade irá intensificar a luta para garantir o direito de greve, imprescindível para a defesa dos direitos dos trabalhadores. "Vamos formalizar denúncia sobre o abuso dos interditos proibitórios por parte dos bancos e da Justiça junto à Organização Internacional do Trabalho (OIT", afirmou.

Cordeiro ressaltou o "abuso" dos bancos, tema da Campanha Salarial 2009, somando o uso do Interdito Proibitório como mais uma das irresponsabilidades cometidas para impedir a adesão dos trabalhadores ao direito de greve. "Este Seminário tem por objetivo cobrar do poder judiciário que os trabalhadores tenham seu direito de greve garantido. Para isto, estamos organizando documentos para fazer uma denúncia junto a Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre as práticas anti-sindicais dos bancos", afirmou.

"Além disso, vamos articular junto com a CUT a realização de um seminário em Brasília dirigido aos ministros do TST para esclarecer a posição dos trabalhadores a respeito desse recurso jurídico que está sendo empregado para tolher o direito constitucional de greve", acrescentou.

O presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Luiz Cláudio Marcolino, lembrou do primeiro interdito proibitório, realizado junto ao então Banco Bandeirantes com a tese de que o movimento sindical estava ocupando e destruindo o patrimônio privado da instituição financeira. Porém, a ação gravada e registrada deixou claro que o objetivo dos dirigentes sindicais era estabelecer o diálogo com os trabalhadores e informar sobre a Campanha Salarial. "A tese foi derrubada, mas é um fato que deixa claro o conflito existente entre patrões e empregados", diz.

Segundo Marcolino, as discussões sobre o tema iniciadas em 1994 eram mais de caráter reflexivo, o que precisou ser revisto após a ação deste primeiro interdito. "Os bancos vêm se aperfeiçoando nas técnicas do interdito proibitório, fazendo uso do aparato policial e do oficial de justiça. Nas últimas decisões, nem mesmo ficar em frente às empresas está sendo permitido", diz. "Estamos amparados sobre uma decisão legal que é a do direito de greve, por isso que este seminário está sendo feito com o judiciário e os trabalhadores para que a lei valha em todo o país e para todas as pessoas", complementa.

Contraf-CUT
Edição do Sindicato dos Bancários da Paraíba

Fenaban enrola de novo e não apresenta proposta aos bancários

Após seis horas de discussões durante a quarta rodada de negociações, ocorrida nesta quarta-feira, dia 9, em São Paulo, a Fenaban mais uma vez não apresentou proposta para o Comando Nacional dos Bancários sobre as reivindicações de saúde e condições de trabalho, segurança bancária e igualdade de oportunidades, dentre outras. Os bancos repetiram a postura adotada nas duas rodadas anteriores em relação às demandas sobre emprego e remuneração. Eles marcaram nova reunião para a próxima quinta-feira, dia 17, e disseram que nessa data pretendem fazer uma proposta global para a categoria.

"Em todas as rodadas de negociação insistimos que, além das questões econômicas, os bancários exigem garantias de proteção ao emprego, melhorias das condições de trabalho, adoção de medidas para combater o assédio moral e as metas abusivas, mais segurança e iniciativas que promovam a igualdade de oportunidades", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional. "Diante da postura dos bancos até aqui, temos que ampliar a mobilização e a pressão para que apresentem na próxima negociação uma proposta que contemple as expectativas da categoria".

Veja os temas discutidos nesta quarta:

Saúde

1. Metas - os bancários cobraram o fim das metas abusivas. A Fenaban negou, limitando-se a discutir as distorções na forma de cobrança, mas não fez proposta para mudar essa realidade que gera adoecimento na categoria.

2. Assédio moral - os trabalhadores reafirmaram a necessidade de combater o assédio moral e a violência organizacional. A Fenaban insistiu em defender os assediadores, ao exigir o sigilo de seus nomes para uma "política de prevenção de conflitos no ambiente de trabalho", o que é inaceitável.

3. Reabilitação profissional - os bancários cobraram a implantação de um programa que garanta aos afastados, quando do retorno ao trabalho, condições que respeitem suas limitações funcionais, normalmente fruto do adoecimento em razão das péssimas condições de trabalho. A Fenaban afirmou que concorda com tal programa, desde que possa incluir também trabalhadores que ainda se encontram afastados, o que não se admite, pois isso forçaria a volta precoce de funcionários ainda em processo de recuperação da capacidade laboral.

4. Isonomia aos afastados por motivos de saúde - os bancários reivindicaram a manutenção por prazo indeterminado de todas as verbas salariais, além de outros direitos, tais como auxílio-alimentação, ticket, vale-transporte e PLR. A Fenaban disse que não é possível estender os direitos já previstos na convenção coletiva aos afastados.

5. Licença maternidade de 180 dias - o Comando defendeu a ampliação desse direito para todas as bancárias em todos os bancos. A Fenaban salientou que a proteção da maternidade é obrigação do Estado, mas ficou de estudar a questão.

Segurança Bancária

1. Comissão de Segurança Bancária - os bancários cobraram a retomada das reuniões que não ocorrem há vários anos. A Fenaban sinalizou com a volta dos trabalhos na segunda quinzena de novembro, com a participação de representantes das áreas de segurança dos bancos.

2. Transporte de valores - o Comando reivindicou a proibição aos bancários do transporte de valores, malotes e chaves do cofre e da agência, o que tem ocorrido em várias regiões do país, com assaltos e sequestros. A Fenaban negou, dizendo que, se isso for proibido, algumas agências teriam de ser fechadas.

3. Adicional de risco de vida - os bancários cobraram o pagamento de adicional de 40% do salário para quem trabalha em agências e postos, a exemplo de vários acordos coletivos de vigilantes, cujo risco é o mesmo. A Fenaban disse que isso não faz sentido, pois atingiria 70% dos trabalhadores, revelando que a preocupação não é a vida e sim o custo dos bancos.

Igualdade de Oportunidades

1. Mapa da diversidade - os bancários defenderam a inclusão de uma cláusula na convenção coletiva que garanta medidas de democratização do acesso e de políticas que eliminem todos os tipos de preconceito e discriminação nos locais de trabalho. A Fenaban alegou que não tem governança sobre o programa de valorização da diversidade, mas ficou de estudar uma forma de registrar as diretrizes na convenção.

2. Pessoas com deficiência - os bancários cobraram uma cláusula na convenção coletiva que garanta inclusão e capacitação para pessoas com deficiência nos bancos. A Fenaban negou, dizendo que já possui um programa que necessita de constantes ajustes.

3. Homoafetivos - o Comando defendeu igualdade de direitos para os casais homoafetivos. A Fenaban respondeu afirmando que há restrições legais para garantir igualdade de tratamento, mas irá verificar as travas.

Previdência Complementar

O Comando reivindicou planos de previdência complementar para todos os bancários. Muitos trabalhadores ainda não possuem esse direito que garante uma aposentadoria digna.

A Fenaban, no entanto, negou a reivindicação dos bancários, alegando que cada banco possui esse produto à venda e que, assim, não é possível colocar esse tema na convenção coletiva.

Fonte: Contraf-CUT

03 setembro 2009

Após três rodadas de negociação, nenhuma proposta dos banqueiros

Crédito: Susan Meire/Feeb SP-MS
A Fenaban mais uma vez frustrou a expectativa da categoria, na terceira rodada de negociação da campanha salarial realizada com o Comando Nacional dos Bancários nesta quarta-feira 2, em São Paulo. Os banqueiros não apresentaram proposta de índice de reajuste nem valores para tíquete-refeição, auxílio-creche/babá e cesta-alimentação. Apenas sinalizaram com a disposição de formatar um novo modelo de Participação nos Lucros e Resultados (PLR).

Apesar dos lucros de R$ 14,3 bilhões obtidos pelos 21 maiores bancos no primeiro semestre deste ano, os bancos se negaram até mesmo a garantir a reposição da inflação dos últimos 12 meses. Mais: a Fenaban disse que "a tendência de aumento real é muito pequena".

Desde 2004, com mobilizações e greves, os bancários vêm conquistando reajustes acima da inflação. "Não abrimos mão de aumento real nesta campanha e queremos discutir a recomposição do poder de compra de salários", destaca o presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional, Carlos Cordeiro.

Os bancários reafirmaram a necessidade de valorizar os pisos salariais. Defenderam também que, além dos escriturários e caixas, sejam criados pisos para o primeiro comissionado e o primeiro gerente. Mas a Fenaban não apresentou proposta, desrespeitando os trabalhadores.

Os banqueiros também se recusaram a discutir Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS), auxílio-educação e remuneração variável para inclusão na convenção coletiva, alegando que são assuntos de cada instituição. Além disso, não fizeram proposta para o aumento das verbas de alimentação e da gratificação de caixa.

Novo modelo de PLR

Houve um único avanço nesta rodada de negociação. Os bancos aceitaram negociar um novo modelo de PLR, cujos parâmetros, no entanto, eles não apresentaram, limitando-se a dizer que o pagamento deve ter como base de cálculo o lucro do exercício. Eles concordaram com os bancários de que a PLR não pode ter como premissa a variação de crescimento do lucro em relação ao ano anterior.

Os bancários reforçaram a necessidade de não-desconto na PLR dos programas próprios de renda variável e de que seja simples, transparente, segura e perene. A categoria reivindica PLR de três salários mais R$ 3.850 fixos para cada trabalhador.

Cadê a proposta?

O Comando Nacional cobrou com insistência que os bancos apresentem propostas às reivindicações da categoria, inclusive sobre emprego, que foi tema da segunda rodada de negociação, ocorrida no dia 27 de agosto, mas a Fenaban se recusou. Os banqueiros afirmaram que pretendem formular uma proposta econômica somente após a quarta rodada, marcada para a próxima quarta-feira, dia 9 de setembro, sobre saúde, condições de trabalho e cláusulas sociais.

"Nós exigimos uma proposta global para os bancários sobre todos os temas em negociação, que envolve questões como emprego, aumento real, valorização dos pisos, PLR maior, saúde, segurança e condições de trabalho", cobrou o presidente da Contraf-CUT.

Mobilização

Após a avaliação da negociação, o Comando Nacional orientou os sindicatos e federações a intensificarem a mobilização da categoria, promovendo também atividades junto aos clientes e à população que sofrem igualmente com os abusos dos bancos.

Calendário de negociações

Sexta - dia 4 - Negociação específica com a Caixa
Quarta - dia 9 - Quarta rodada com a Fenaban (saúde, condições de trabalho e cláusulas sociais)
Sexta - dia 11 - Negociações específicas com o BB e a Caixa

O que os bancários querem

- Reajuste salarial de 10% (o que significa aumento real de cerca de 6%).
- PLR de três salários mais R$ 3.850.
- Valorização dos pisos salariais
- portaria: R$ 1.432,90
- escriturário: R$ 2.047,00
- caixa: R$ 2.763,45
- primeiro comissionado: R$ 3.447,80
- primeiro gerente: R$ 4.605,73
- Plano de cargos salários em todos os bancos.
- Inclusão na Convenção Coletiva também da parte variável da remuneração.
- Tíquete-refeição: R$ 19,25.
- Cesta-alimentação: R$ 465 (um salário mínimo)
- 13ª cesta-alimentação
- Auxílio-creche/babá: R$ 465

Fonte: Contraf-CUT