08 agosto 2011

Conheça direitos e responsabilidades ao abrir conta em banco

Márcia Dressen* 
Fonte: Folha.com

Há quem diga que ter conta em banco é um mal necessário. Entretanto, é possível criar e manter um bom relacionamento com uma instituição financeira que poderá ser parceira importante ao longo de sua vida financeira.

O banco é um prestador de serviços financeiros e oferece diversas modalidades de produtos e serviços que visam atender às necessidades de seus clientes.

O seu relacionamento com o banco começa na abertura de uma conta e estabelece direitos e obrigações de ambas as partes.

TIPOS DE CONTA

Os principais são a conta de depósito à vista (conta-corrente), a conta de depósito na poupança e também a conta salário.

A conta de depósito à vista é o tipo mais usual de conta bancária. Nela, o dinheiro fica à sua disposição para ser sacado a qualquer momento e não há nenhum tipo de remuneração sobre o capital depositado.

A conta poupança foi criada para estimular a economia popular e permite a aplicação de pequenos valores.

O dinheiro pode ser resgatado a qualquer momento, mas, para receber os rendimentos da TR (taxa referencial) mais juros de 0,5% ao mês, espere a data do "aniversário" da conta.

A conta salário é um tipo especial de conta de registro e controle de fluxo de recursos, destinada a receber salários, proventos, soldos, vencimentos, aposentadorias, pensões e similares.

Não admite outro tipo de depósito além dos créditos da entidade pagadora e não é movimentável por cheques.

ABERTURA
É necessário preencher a ficha-proposta de abertura de conta, um contrato firmado entre o banco e o cliente.

É preciso também dispor de quantia mínima, conforme exigência do banco, e apresentar os originais dos seguintes documentos: documento de identificação (carteira de identidade ou equivalente), CPF (Cadastro de Pessoa Física e comprovante de residência.

No ato de abertura da conta o banco deve prestar informações sobre direitos e deveres do correntista e da instituição, previstas em cláusulas na ficha-proposta.

Entre essas informações devem constar as seguintes:
a) condições para fornecimento de talão de cheques;
b) necessidade de comunicar, por escrito, mudança de endereço ou telefone;
c) condições para inclusão no Cadastro de Cheque sem Fundos;
d) tarifas de serviços, incluindo a informação sobre serviços que não podem ser cobrados;
e) saldo médio mínimo exigido para manter a conta.

Cuidados que o depositante deve ter: ler atentamente o contrato de abertura da conta, não assinar nenhum documento antes de esclarecer as dúvidas, inclusive referentes a tarifas, juros e outros encargos, e solicitar cópia dos documentos assinados.

ENCERRAMENTO
Sendo um contrato voluntário e por tempo indeterminado, uma conta bancária pode ser encerrada por qualquer uma das partes envolvidas. Quando a iniciativa do encerramento for sua, observe os seguintes cuidados:

a) entregar ao banco correspondência solicitando o encerramento da sua conta, exigindo recibo na cópia, ou enviar pelo correio, por meio de carta registrada;
b) verificar se todos os cheques emitidos foram compensados para evitar que seu nome seja incluído no CCF;
c) entregar ao banco as folhas de cheque ainda em seu poder, ou apresentar declaração de que as inutilizou;
d) manter recursos suficientes para o pagamento de compromissos assumidos com a instituição financeira ou decorrentes de disposições legais.

A instituição deve informar a data do efetivo encerramento da conta, por correspondência ou meio eletrônico.

Para saber mais acesse o site do Banco Central (www.bcb.gov.br) no perfil Cidadão/Bancos/Perguntas frequentes).
* MARCIA DESSEN, Certified Financial Planner, é sócia e diretora-executiva do BMI Brazilian Management Institute, professora convidada da Fundação Dom Cabral e cofundadora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros.

01 agosto 2011

Aposentar-se custa caro




Com a aposentadoria, o custo de vida aumenta pelos gastos com saúde, lazer e obrigações sociais


NÃO RARO, encontro opiniões de especialistas que sugerem que, ao planejarmos nossa aposentadoria, devemos projetar uma renda de cerca de 70% do que ganhamos por volta dos 45 anos.

O argumento é que o encerramento da carreira coincide com a saída dos filhos de casa, ou que, ao deixarmos de trabalhar, não teremos mais de arcar com despesas de networking -happy hours, por exemplo- e vestuário de primeira.

Tenho fortes ressalvas em relação a esse tipo de recomendação. Acredito que nosso custo de vida não deveria diminuir na aposentadoria -mas sim aumentar.

Explico com três argumentos.

O bom senso e as estatísticas mostram que os gastos com saúde aumentam com o passar dos anos.
Por mais saudáveis que sejamos, o avançar da idade nos induz a gastar mais com terapias tanto preventivas como corretivas. Isso todos nós sabemos.

O que muitos esquecem é que a aposentadoria nos premia com uma grande disponibilidade de agenda. Tempo livre nos convida ao lazer, que não custa pouco.

Independentemente de onde você viva ou se imagine vivendo na aposentadoria, certamente terá muito mais a fazer em seu tempo livre se tiver recursos disponíveis.

Não importa se sua predileção é pela cultura, pelas viagens, pela prática de esportes ou pela filantropia: dinheiro nos permite usar o tempo com mais criatividade e produtividade. Em outras palavras, nos mantém jovens por mais tempo.

Além dos gastos com saúde e lazer, meu terceiro argumento para o aumento dos custos se relaciona às obrigações sociais.

Costumamos não perceber que, com o avançar nos anos, simplesmente aumenta o número de... parentes!
Quanto mais passa o tempo, mais aumenta nossa lista de filhos, de netos, de enteados, de afilhados e afins, que nos convidam para toda sorte de celebrações: aniversários, formaturas, casamentos e chás de cozinha e de bebê, entre outros.

Se você quiser cumprir com dignidade a necessidade de presentear e de se vestir bem nos diversos eventos, terá de contar com um bom orçamento.

Quando ignoramos esses fatos da vida no começo do planejamento financeiro, ainda na juventude, tendemos a nos conformar com o envelhecimento e a consequente redução das opções que teremos, como se fosse um fato da natureza.

A quem não tem opções não resta outra coisa a não ser envelhecer, entregar-se à restrição de atividades sociais e de lazer e ver o tempo passar. A falta definitiva de dinheiro nos faz enterrar de vez a juventude.
Se não pudermos viver como antes, se não conseguirmos viajar com amigos, praticar um esporte ou fazer um curso que nos encante, o que nos resta? A cadeira de balanço? O pijama? A televisão no domingo à tarde?
Perceba que o envelhecimento está associado à rotina que a falta de dinheiro nos impõe. Existem jovens de 40 anos que aparentam ter muito mais, em razão do estresse imposto pelo trabalho excessivo e diversas frustrações, assim como há jovens de 80 anos que aparentam ter muito menos, pois sabem viver a vida. Normalmente, os que sabem viver têm mais saúde -inclusive a saúde financeira.

Se você tem tempo para planejar seu futuro, leve isso em consideração. Não seja modesto com a poupança que faz. Seja otimista com a vida que você quer ter. Adote uma vida mais simples, que seja sustentável.
Se o prazo que você tem não permite mudar muita coisa em termos de formação de poupança, repense a aposentadoria. Não se imagine parado, simplesmente aproveitando o tempo.

Não conseguirá juntar o milhão de reais que gostaria para viver com uma boa renda? Lembre-se que, se tiver menos dinheiro, mas que permita montar um negócio bem planejado e em uma atividade que você gosta, poderá continuar trabalhando e, com isso, obter a mesma renda.

A única posição não recomendada é a acomodação. Se chegar à aposentadoria e perceber que não alcançou seus objetivos, você já não terá mais escolhas a fazer.

Aja enquanto pode.

GUSTAVO CERBASI é autor de "Casais Inteligentes Enriquecem Juntos" (ed. Gente) e "Investimentos Inteligentes" (Thomas Nelson).

Fonte: Folha.com