08 agosto 2007

Bancos, de cofre cheio, podem atender reivindicações

Recordes nos lucros já não são mais novidades no cotidiano dos bancos no Brasil. O mais recente recorde foi anunciado pelo Itaú, nesta terça-feira, com resultado de R$ 4,016 bilhões no primeiro semestre de 2007. No mesmo período de 2006, a marca foi de R$ 2,958 bilhões. Dentre os motivos da alavancagem estão as vendas da participação acionária do banco na empresa de informações de crédito Serasa e da sede do BankBoston em São Paulo e constituição de provisão para créditos 'de liquidação duvidosa excedente.


Um dia antes, outro recorde havia sido anunciado pelo Bradesco, apontando para um crescimento de 28% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foi registrado R$ 3,132 bilhões. No primeiro semestre deste ano, o lucro do maior banco privado do país alcançou a marca de R$ 4,007 bilhões.


O Bradesco tenta descaracterizar o tamanho do resultado, destacando itens extraordinários como fator para elevação das cifras, dentre os quais a venda do investimento na siderúrgica Arcelor Brasil e de parte da empresa de informações de crédito Serasa. "A origem do lucro (no semestre) é composta de R$ 2,782 bilhões, oriundos das atividades financeiras, que correspondem a 69% do lucro líquido, e R$ 1,225 bilhão gerado pelas atividades de Seguros, Previdência e Capitalização, que representaram 31% do lucro líquido", informou o banco em fato relevante à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

“O banco tenta minimizar o avanço, mas, queira ou não, esses ativos pertenciam a ele e, ao se desfazer deles, sua liquidez aumenta”, explica o secretário geral da FETEC/CUT-, Pedro Sardi.


Na avaliação do dirigente, o fato de os bancários iniciarem a campanha nacional unificada em um momento em que os bancos registram novos recordes nos lucros tende a facilitar as negociações. “Negociar quando os bancos demonstram saúde financeira é bem diferente do que negociar quando uma empresa apresenta prejuízo. O lucro do Bradesco e do Itaú, acima de R$ 4 bi, reforça o cacife dos bancos para atender as reivindicações do conjunto dos bancários, bem como a negociar seriamente as questões específicas que tanto preocupam seus funcionários”, sinaliza Sardi.


Durante a 9ª Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, os funcionários do Bradesco elegeram como prioridades para as mesas de negociação específicas a definição de um novo Plano de Cargos e Salários justo e com critérios claros, Participação nos Lucros e Resultados melhor, auxílio-educação que atenda a todos os trabalhadores da empresa, realização dos cursos do Treinet em horário de expediente e dentro do local de trabalho e fim da exposição do ranking nas agências que desencadeiam assédio moral e pressão por metas.


No caso do Itaú, a 9ª Conferência deliberou como prioridades o fim da violência organizacional (metas abusivas, combate ao assédio moral), correção dos problemas com a previdência complementar (fundos de pensão dos trabalhadores do Itaú), saúde e condições de trabalho (prevenção e reabilitação), novo PCS (Planos de Cargos e Salários), novo PCR (Participação Complementar nos Resultados) e auxílio-educação, já com alguns avanços em negociações com os representantes dos funcionários sobre os dois últimos itens.


Fonte: Lucimar Cruz Beraldo - Fetec/SP

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