01 agosto 2007

Bancários definem pautas específicas por banco

As pautas que serão entregues a cada banco foram definidas no último dia da 9ª Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro.

Os delegados da 9ª Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro estavam divididos, na última segunda-feira (30), em nove grupos para debater as reivindicações específicas por banco. Na terça-feira (31), os grupos entregaram suas minutas específicas e enceraram mais uma etapa de debates, após cinco dias de encontro.


Segundo a estratégia de campanha aprovada no domingo (29), os bancários apresentarão uma única pauta de reivindicações à Fenaban, que vale para todas as empresas, conforme indicativa da Campanha Nacional Unificada. Entretanto, as questões específicas continuarão sendo debatidas nas mesas de negociações permanentes.


“Após o término dos debates na segunda-feira, os bancários voltaram a se reunir na terça para votar todas as resoluções e fechar a minuta específica de cada banco, públicos e privados”, comenta Marcel Barros, diretor da Secretaria de Bancos Públicos da FETEC-SP. Os grupos representaram os trabalhadores do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú, HSBC, ABN/Real, Unibanco, Santander e ainda bancos estaduais.


Confira abaixo as principais resoluções por banco:


Unibanco - Os representantes definiram como eixos de Campanha Específica Remuneração e Saúde. “Nós já estamos desenvolvendo uma campanha nacional, cujo tema ‘Remuneração para todos’ visa fazer com que o banco contemple de forma justa todos os funcionários e não apenas pessoal, agência e parte dos departamentos. Já em Saúde, reforçaremos os pontos referentes à prevenção, isonomia, segurança bancária, igualdade de oportunidade e fim do assédio moral”, explica Jair Alves, diretor-executivo da FETEC-SP.


O dirigente acrescenta ainda que dentre as propostas de mobilização para a Campanha Nacional foram aprovados, pelos delegados, a produção do Jornal de Saúde, a organização de um Dia Nacional de Luta e mídias.


Bradesco – Com representação de todas as regiões do país, os delegados do maior banco privado pautaram como pontos específicos problemas e possíveis soluções para Plano de Saúde, Treinet e PCS/PCC. “Vale ressaltar que esses pontos não serão tratados em mesa específica, durante a Campanha Nacional, mas via COE (Comissão de Organização dos Empregados do Bradesco)”, disse Pedro Sardi, secretário-geral da FETEC-SP.


ABN/Real –
Entre os representantes do grupo ABN/Real o ponto consensual de discussão foi a provável fusão do banco com o capital estrangeiro. Nesse sentido, os delegados debateram em cima de duas situações possíveis: a venda direta por consórcio, liderada pelos bancos RBS, Santander e Fortes ou a manutenção no processo de venda para o Barclays. “No primeiro caso, isso resultaria na sobreposição da rede de atendimento e dos centros administrativos causando, segundo o ponto de vista do movimento sindical, cortes de inúmeros postos de trabalho. Já no segundo caso, três cenários são possíveis: a manutenção do negócio no Brasil, da forma como se apresenta hoje; a venda dos ativos do Brasil para o Santander; e a venda dos ativos do Brasil para o Itaú”, esclarece Gutemberg Souza Oliveira, diretor de Assuntos Jurídicos da FETEC-SP.


O dirigente informa ainda que um calendário de atividades foi apresentado pelo grupo. Visita ao Congresso Nacional, interlocução com organizações governamentais, solicitação de intervenção do Banco Central do Brasil e dos Ministérios da Fazenda e de Relações Públicas, junto ao PCN (Ponto de Controle Nacional) serão algumas das ações adotadas pelos funcionários do banco.


Itaú - Bancários do Itaú debatem PCS, por considerar o tema de extrema importância na atual conjuntura de inflação baixa, bem como no sentido de garantir mais uma conquista junto ao salário. No que tange o Plano de Saúde e Odontológico, “apesar da análise de que nas últimas negociações tivemos avanços, o plano ainda apresenta muitas deficiências que iremos discutir com o banco nas próximas reuniões do comitê de acompanhamento”, comenta Valdir Machado, diretor da Secretaria de Bancos Privados da FETEC-SP.

Em relação ao PCR (Participação Complementar de Resultados), Valdir destaca que esse tema já está sendo negociado com o banco. “Queremos um valor maior que no ano passado, pois a categoria entende que R$ 1.200 é pouco se comparado com o lucro que o banco aponto para o próximo semestre”, diz. Quanto ao auxílio-educação os dirigentes consideram o tema de extrema importância para os bancários.


Na avaliação de Valdir, o encontro dos funcionários do Itaú foi muito importante. “Pela primeira vez, nos últimos anos, estamos avançando no que se refere à minuta tirada na Comissão Organizadora dos Empregados. Entretanto, ainda temos muito a conquistar na campanha nacional deste ano”, destaca.


Santander – Neste grupo foram definidos quatro eixos como as principais reivindicações dos funcionários do banco. Todos, entretanto, estão relacionados à renovação do Aditivo ao Acordo Coletivo de Trabalho 2006/2007, sendo eles: necessidade de melhorar a implantação do PCS, haja vista as enormes distorções verificadas dentro do banco; participação dos funcionários na gestão e melhoria dos serviços prestados pelo plano de saúde; aprofundamento das discussões relacionadas ao fundo de pensão; e fim das metas abusivas.


Conforme Vagner Castro, diretor da Secretaria de Administração e Finanças da FETEC-SP, esses eixos sintetizam as necessidades de aproximadamente 23 mil funcionários do Santander em todo o país. “Com base nisso, resolvemos agendar um novo encontro para o dia 24 de agosto, em São Paulo. Os pontos serão aprofundados nas bases e consolidados no grupo. Assim, teremos certeza de estarmos apresentando ao banco reivindicações claras e que contemplam os anseios de todos”, comenta Vagner.


HSBC – Com a participação de 29 integrantes, o grupo destacou como pilares para 2007 os seguintes pontos: RMO (extrapolação da jornada, retirada da gratificação de caixa). Ações para evitar a retirada das gratificações de caixa (GCX), extensão da jornada de trabalho. Retirada do item que penaliza o bancário no BSC-CDP no cumprimento das metas, ou seja, controle das transações na agencia de maneira que não venha a prejudicar a pontuação dos funcionários no sistema de avaliação e ainda a reafirmação, por parte do banco, de não efetuar demissões.


“Em relação à terceirização devemos renovar os acordos específicos com o banco e ampliar nossa interferência, reduzindo a terceirização no HSBC”, afirma Paulo Rogério, diretor do sindicato dos Bancários de São Paulo. Também foram destacados problemas no credenciamento ao plano odontológico, como falta de profissionais e mau atendimento no convenio atual. O banco terá um prazo até setembro apresentar uma proposta.


Banco do Brasil – Os representantes foram divididos em quatro grupos, durante o dia de ontem, para discutir Cassi, Previ, Função do Banco Público e PCS/PCC. Para Cassi ficou definido que os dirigentes devem trabalhar pela orientação à aprovação do estatuto na nova votação que acontecerá entre os dias 08 a 21 de agosto; cobrar do banco o pagamento de eventuais déficits da Cassi; bem como cobrar que as despesas com os tratamentos de saúde ocupacional sejam pagas integralmente pelo banco.


No que se refere a Previ, os delegados definiram que será negociada junto ao banco a utilização do superávit para melhorias de benefícios aos trabalhadores; aumentar a democracia no Previ, com o fim do voto de Minerva e retornando à consulta ao corpo social no que diz respeito à aprovação das contas, alterações na regulamentação e no estatuto.


Na discussão sobre Bancos Públicos os funcionários querem a retomada dos comitês de defesa dos Bancos Públicos, bem como persistirão na denúncia do pacote de reestruturação que expulsa os clientes de baixa renda das agências. Também será realizado um seminário onde se definirá qual é o papel dos BP e apontará a regulamentação do artigo 192 da Constituição, que trata do sistema financeiro. Além de uma campanha Nacional que fale dos 200 anos do BB e abra debate sobre o tipo de banco publico que a sociedade precisa.


Por fim, os delegados trataram do PCS/PCC reforçando a isonomia total entre funcionários; ratificando as mesas únicas e específicas aprovadas na 9ª Conferência Nacional e lutando pela recomposição do poder de compra dos salários. Eles também pedem a reclassificação e pagamento dos dias de greve de 2003 a 2006, fim do banco de horas, volta da anuência, incorporação dos R$ 33 do dissídio de 2004 ao PCS e a antecipação do congresso do BB.


Caixa Econômica Federal - Dentro do Congresso da Caixa foram definidos os pontos referentes ao PCS, Saúde, Funcef/Prevhab, contratação e organização do movimento como principais resoluções específicas para a campanha nacional deste ano. Em relação ao PCS, os delegados querem a implantação de um novo plano, que contemple todos os empregados e garanta a isonomia entre funcionários antigos e novos. A contratação de novos concursados também é uma solicitação dos bancários, uma vez que a Caixa ampliou, nos últimos anos, o número de agências e o leque de atividades relativos ao banco social, além das novas demandas em função do PAC. “Desde de 2003, a Caixa já contratou mais de 20 mil funcionários, entretanto esse número precisa ser ampliando em decorrência da elevação de serviços e da substituição dos terceirizados”, destaca Plínio Pavão, diretor da Secretaria de Saúde da Contraf.


Em relação à Saúde foram discutidos os problemas vivenciados no dia a dia, inclusive o assédio moral, melhorias no plano de saúde (Saúde Caixa) e segurança bancária, com a implementação de mecanismos de segurança que garantam a integridade física dos bancários. Os funcionários aposentados também receberam destaque, no Congresso de discussão. “Solicitamos para esses funcionários a extensão do auxílio-refeição e o auxílio da cesta alimentação para todos os aposentados”, lembra o dirigente da Confraf.


Os delegados também aprovaram, em relação a organização do movimento, que o Conecef seja realizado em meados do primeiro semestre de cada ano, para discutir as questões específicas e propor mobilizações permanentes em cima dos temas em destaque. “As delegações serão retiradas dos fóruns estaduais, na proporção de 1 delegado para cada 300 funcionários. Essa mesma proporção será adotada para a representação de empregados aposentados”, esclarece Plínio Pavão.


O papel da caixa enquanto banco público e instrumento de desenvolvimento social e econômico do país também foi um tema reforçado pelos delegados. Segundo eles, o banco, em algumas questões, vem enfatizando demais os aspectos comerciais. “É importante que não esqueçamos a nossa verdadeira função dentro do sistema financeiro do país”, diz Plínio.


Por fim, os funcionários vão reivindicar à Caixa promoção de eleição de um representante dos funcionários no Conselho Administrativo do banco, para que seja possível participar diretamente da gestão da empresa.


Bancos Estaduais, Regionais e federalizados – Foram definidas enquanto resoluções para esta campanha Nacional os seguintes pontos: Implementação de PCS, Resgate da função social dos bancos, Democratização da gestão dos fundos de previdência, Democratização da gestão dos bancos, com a criação de DIREPs e COREPs, Combate aos processos de precarização do trabalho e Criação de banco de dados acerca deste seguimento pela Contraf-CUT sobre os processos de negociação.


Fonte: Michele Amorim - FETEC/SP

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