20 agosto 2007

Nossa Caixa ganha R$ 298 milhões

Os efeitos da polêmica compra da folha de funcionários públicos paulistas pela Nossa Caixa já começa a aparecer nos resultados do banco. O lucro do segundo trimestre, de R$ 297,8 milhões, foi afetado negativamente pelo lançamento de uma despesa de R$ 108 milhões pela aquisição, realizada em 27 de março. O preço de R$ 2,08 bilhões foi pago pelo banco a vista, mas para efeitos contábeis será descontado mensalmente dos balancetes, ao longo de cinco anos.

Além disso, a Nossa Caixa também aumentou as provisões contra perdas de ações trabalhistas e cíveis, estas últimas relacionadas aos efeitos dos planos econômicos. Para compensar esses abatimentos, o banco resolveu ativar R$ 302,1 milhões em créditos tributários. Com isso, o lucro acumulou R$ 385,5 milhões no semestre, 33,1% acima do mesmo período do ano passado. A rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio alcançou 30,6%. Excluindo a ativação dos créditos, o lucro teria sido de R$ 83,4 milhões, 71% menor do que no primeiro semestre de 2006.

A carteira de crédito do banco registrou saldo de R$ 8,2 bilhões no segundo trimestre, um crescimento de 7,4% em relação ao primeiro trimestre e de 21,1% em relação aos R$ 6,8 bilhões do segundo trimestre de 2006. A modalidade que mais contribuiu foi o crédito consignado às pessoas físicas, que aumentou 45,7% em um ano, para R$ 3 bilhões. A Nossa Caixa tem exclusividade na concessão de crédito consignado aos servidores estaduais.

Já a carteira voltada a empresas cresceu apenas 12,1%, para R$ 1,8 bilhão. Segundo o presidente do banco, Milton Luiz de Melo Santos, o banco está investindo em sistemas de análise de crédito e em ações para ampliar essa carteira. A expectativa é crescer neste ano 20% nesse segmento. Para a carteira total, Santos espera um aumento entre 30% e 40%.

A receita total do banco no primeiro semestre cresceu 5,2% em um ano, a R$ 3,8 bilhões. As receitas com prestação de serviços totalizaram R$ 428 milhões, 44,2% acima do primeiro semestre de 2006. Esta, segundo Santos, tem sido a principal fonte para a evolução da receita total do banco. Na comparação entre semestres, a participação evoluiu de 8,2% para 11,2% do total.

O presidente anunciou ainda diversas ações para manter o lucro do banco positivo nos próximos trimestres, sem depender da ativação de créditos tributários. Entre elas está a renegociação de contratos para reduzir custos em até 30%, a reorganização estrutural para focar na originação de operações de crédito e a entrada em novos segmentos, como o consórcio de automóveis. O futuro da empresa de capitalização também está em pauta - o banco ainda não decidiu se vende, se estabelece uma parceria ou reativa a empresa por conta própria.

A Nossa Caixa encerrou o semestre com 5,6 milhões de clientes, dos quais, 220 mil são pessoas jurídicas e 1,6 milhão que só tem conta-poupança. "Estes resistem a consumir outros produtos", admite Santos.

Fonte: (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(Léa De Luca)

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